Surgido ao final do século XIX o Movimento Conservador ficou conhecido como a denominação “do meio” no Judaísmo americano do século XX. Ou seja, um meio termo entre a “esquerda” religiosa representada pelo Movimento Reformista e a “direita” representada pela Ortodoxia. Nos
anos 50 e 60 tornou-se a denominação mais numerosa nos Estados Unidos
dividindo hoje esse lugar com a Reforma. Acredita-se que o Judaísmo americano
seja composto de 40, 40, e 20% de comunidades Reformistas, Conservadoras
e Ortodoxas, respectivamente. O movimento Reformista que já existia e tinha fortes raízes nos Estados
Unidos era radical demais em suas inovações para contemplar os judeus
observantes que chegavam. A idéia básica era produzir rabinos observantes
e um movimento dentro dos perímetros da Halachá (Lei Judaica) mas que
usasse vestimentas da cultura americana e que gradualmente migrasse do
iídiche para o inglês. Em português optamos por Movimento Conservativo, porque a palavra conservador tende a confundir com os movimentos ortodoxos e mais tradicionais. Conservativo, advém da noção da física de “forças conservativas“. Ou seja, forças que não se alteram em potência apesar da mudança para meios e ambientes novos. Se por um lado os passos de transformação do Movimento Conservativo eram mais lentos que o Movimento Reformista, por outro baseava suas decisões nos textos e nos processos da Lei Judaica, evitando rompimentos e estimulando o convívio. Essa tensão produziu alguns dos nomes mais importantes da academia judaica nos Estados Unidos. Entre eles o líder e ideólogo Mordechai Kaplan*, o filósofo Abraham Yoshua Heschel* e expoentes acadêmicos como o prof. Saul Liberman, considerado entre os maiores talmudistas do século XX. Caracteriza-se hoje pela preservação da tradição e de sua observância adequadas à realidade atual. Alguns aspectos incluem: a permissão para deslocamento em automóveis em shabat com a intenção de participar de serviços religiosos, abrandar as leis de Kashrut para que não tenham um efeito segregacionista, reconhecer o direito de mulheres na contagem de minian (quorum religioso) e aceitar mulheres para o programa de ordenação rabínica. Mordechai Kaplan Expoente
em liderança comunitária, Kaplan foi responsável pela criação de uma nova
denominação: o Movimento Reconstrucionista. Esse movimento composto em
maioria por intelectuais buscava harmonizar além das diferenças entre
passado e presente, novas formas de relação comunitária. Marcado por grande
criatividade, hoje tem sede na Philadelphia e mantém grande intercambio
com o movimento Renewal. Um de seus slogans principais é “Dar-se ao passado
direito de voto, mas não de veto”. Abraham Yoshua Heschel Sem dúvida o maior filósofo americano do século XX. Heschel marcou não apenas gerações de rabinos como o Rabino Marshall Meyer, mas tornou-se leitura obrigatória de seminários católicos e protestantes. Heschel foi também um importante ativista político e um expoente em questões de direitos humanos sendo um dos amigos mais próximos do Rev. Martin Luther King. Seus livros God in Search of Man, Spiritual Audacity, Man´s Quest for God, The Shabat, Man is not Alone, entre outros, são clássicos da bibliografia judaica na modernidade. Nilton Bonder foi ordenado rabino pelo Jewish Theological Seminary no ano de 1986. Mais informações sobre o Movimento Conservativo podem ser obtidas em seu site principal www.jtsa.edu
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