PARASHAT KORACH
5ª Parasha do 4º Livro da Torah
Sefer Bamidbar - Livro de números

Numa semana em que a violência volta a explodir no Oriente Médio, a figura de Korach, líder da mais séria rebelião enfrentada por Moshé, parece muito atual.

Korach pode ser considerado um "expert" em discórdia e desavenças, processos muito utilizados por vários dos lideres do conflito entre palestinos e israelenses,

Ao contrário de Moshé que pregava a tolerância, Korach junto com Datan e Abiram seus aliados nessa rebelião usava um discurso inflamado que contagiava os sábios e o povo contra Moshé e Aharon.

Korach era também muito hábil em outra técnica de retórica tão comum nos nossos tempos, a inversão de valores. Chegou ao ponto de acusar Moshé de ter tirado o povo de Mitzraim, aquela terra estreita, dizendo que lá sim (o Egito) era uma terra de leite e mel, predicados recém usados na Torah para qualificar a tão sonhada "terra prometida" e de levá-los para uma aventura no deserto e para a morte.

Camuflado atrás do povo, para o qual reivindicava uma equidade de santidade, o que só é possível através de uma pratica e não de um decreto,
Korach mostrou não entender o papel de um Cohen, posição que sempre quis ocupar.

Kehuna não é um cargo ou status, o sacerdócio é um oficio.

A solução encontrada pelo criador para resolver esta rebelião, nos remete a uma fantasia que com certeza já passou pela cabeça da maioria:

D'us fez abrir uma grande fenda na terra, aonde desapareceram os falsos lideres e seus seguidores, quem aqui já não sonhou com esta grande cratera se abrindo por exemplo (sem generalizar) em Brasília?

Nesse mundo onde temos cada vez mais personagens como Korach e cada vez menos sacerdócio, e no qual ver assassinatos seletivos e seqüestros se tornou tão comum, temos que nos rebelar sim, mas contra tudo que nos faça ser menos sagrados do que pretendia o Criador.

SHABAT SHALOM

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CÓRACH: ENTRE A ESPIAÇÃO E A EXPIAÇÃO

Benjamin Mandelbaum

Buscarei abrir algumas janelas, tal como ensinou nosso Rabino Bonder nos conduzindo em seus Portais Secretos navegando com a Arca de Noé. Abrir janelas que possam trazer o ramo da paz. Penetrar a luz, arejar e viajar místicamente na leitura da Toráh.

A Torah é um todo que limitadamente alcançamos e afortunadamente algumas partes. Assim, é interessante contextualizar a presente parashá . Neste sentido, usaremos o método das Tríades, que consiste em evidenciar como central o texto em relação aos que o antecedem e os que o sucedem.

Córach está em Bamidbar literalmente No Deserto, mais conhecido por Números, no Capítulo XVI, na p.263 das Leis de Moisés. Versando inicialmente sobre a insurgência e aniquilamento de Corach, Datan , Abiran e seguidores e terminando com os direitos dos sacerdotes e assistentes, os Cohanim e Leviim.

CÓRACH está situado entre seu antecessor Números XII (37) SHELÁH-LECHÁ, que começa com a espiação da Terra Prometida (p. 256), com o envio de olhos à distância1 e com a parashá posterior Números XIX (39) HUKÁT(p.269) que versa sobre a ordem, prescrição imperativa, sentença dogmática2 de D's incompreensíveis à nós e os rituais de purificação e expiação de sacrifícios3 animais. Daí o situarmos entre a espiação e a expiação.

Trata-se ainda da recorrente incredulidade do povo israelita perante os obstáculos, voltando-se contra D'S e seu profeta Moisés. Sucitando a Ira Divina e a intervenção protetora de Moisés, mesmo ferido pela ingratidão. No capitulo anterior ao espiar a Terra se viram menores que seus ocupantes, vistos como gigantes, chegaram a desdenhá-la até, achando que não alcariam aqueles cachos altos como na parábola da raposa e as uvas

A ingratidão de Córach se manifesta capítulo XVI v. 13 "Achas pouco nos tereis feito subir de uma terra que emana leite e mel para nos matares no deserto, senão queres te assenhorear de nós? "

Cap.XVIv.4 e caiu sobre o seu rosto a dor da ingratidão. Meditemos sobre as vêzes em que fomos ingratos e as que outros foram conosco

A prova dos incensários,( cap. XVI v.17) entre o grupo de Córach e o de Aarão, remete-nos a Caim e Abel em suas oferendas. Caim considerou D's ingrato com sua oferenda vegetal. Sua conclusão com o fim dos idólatras do bezerro de ouro.

Aarão, nepotismo ou não eis a questão.

A prova dos cajados remete-nos a distinção entre magia e milagre na disputa entre os magos do Faraó e Moisés quando transformam todos os cajados em cobras mas a de Moisés devora as demais

Desde a saída de Mitzraim terra estreita Moisés protege e intercede junto a D"s a favor do seu povo o de Israel quando A intermediação de Moisés protegendo o povo de Israel da Ira Santa Divina acontece mais uma vez, v.21"Separai-vos do meio desta congregação e os consumirei como um momento" e v.22 E atiraram-se sobre seus rostos e que repete-se exatamente a mesma frase no cap. XVII vers.10 quando Moisés e Aarão foram acusados ( e não o próprio D'S já que Moisés falou no cap XVI 30 E se criar D's uma criação inédita, e abrir a terra a sua boca e os tragar com tudo o que é deles e descerem vivos ao abismo, então sabereis que irritaram estes homens ao Eterno"

O fogo é o único elemento que se multiplica, ele consome e purifica. Os incensários ficaram sacralizados pelo contato com o fogo Divino e transformados em lâminas de cobertura.. Eles são retomados na expiação da praga Divina v.11 ".. toma o incensário e põe nele fogo do altar e põe incenso, e leva-o depressa a congregração e faze expiação por eles porque saiu a ira de diante do Eterno e já começou a mortandade ".
Cap. XVII , Versículo 27 eis que nós expiramos, nos perdemos, todos nós nos perdemos

Será que Aarão e Aron ( de aron Há Kodesh são o mesmo no sentido de abrigo guardião ?

Cap XVII v.11 saiu a ira de diante do Eterno" como se ganhasse uma certa autonomia pois não está escrito caiu pois se caisse estavamos fritos.

Na primeira mortandade foram junto com Córah, Datan e Abiran 250 pessoas na segunda foram 14700

O capítulo XVIII inicia D's falando a Aarão sobre os seus encargos sobre a iniquidade do santuário e do sacerdócio e finaliza com o direitos desta dinastia. Podemos colocá-la a princípio na relação entre deveres e direito, e seu difícil equilíbrio. A palavra Avon, significa iniquidade, lembremos o quanto ela é mencionada repetidamente no Yom Kipur. Iniquidade é falta de equidade, de equilíbrio. Este desequilíbrio entre o dar e o receber que reconhecemos em nós sobretudo no dia de Purificação. Esta presente parashá está situada na oposição entre ingratidão e inveja versus reconhecimento e gratidão. Trata-se da busca do equilíbrio entre Hessed e Guevurá, na medida em que quanto maior é o benefício maior o sacrifício. A saída do Egito e a passagem pelo Sinai são marcados por milagres apoteóticos mas mesmo assim nunca é suficiente para solidificar a crença do povo da dura cérvix

1 e terminando com o episódio do coletor de lenha no shabat e seu apedrejamento

2 como o impedimento de juntar lã e linho

3 "de uma vaca vermelha"