Parashá DEVARIM


Prádica de José London

Shabat Shalom

Parashat Devarim
1ª parasha do 5º e ultimo livro da Torah do mesmo nome e traduzido como Deuteronômio.

Esse é o Shabat, que antecede Tisha Be'Av, nono dia do mês de av, e um dia sempre relacionado a tragédias do nosso povo.
Como ligar então a Parasha de Devarim, ou o próprio Sefer Devarim e Tisha Be'Av?
Vou tentar responder mais adiante....

Normalmente associamos Tisha Be'Av com a destruição do templo ou dos templos.
Ao pensarmos assim, esquecemos que até mesmo as destruições são resultado de uma construção.
Que paradoxo é esse:
A construção da destruição.

O calendário judaico, sabiamente nos ajuda a entender esse processo:
Em Tevet, logo depois de chanuka, tivemos um jejum, que marcava o inicio do cerco à cidade de Jerusalém.
Agora recentemente, em Tamuz, outro jejum, que marcava a rompimento das muralhas e a quebra da nossa resistência.
Amanhã, já no mês de Av, com mais um jejum, e agora mais intenso, marcamos a destruição do templo ou dos templos.
Vou repetir: fomos cercados, nossas defesas rompidas, isso gerou destruição e como conseqüência os exílios.
Fomos atingidos assim, nos pontos fracos da nossa personalidade, tanto individual como coletiva.
O que provocou esse enfraquecimento? O que nos tornou fragilizados como pessoas ou como povo?
Foi com certeza a incapacidade de ouvir, é vivermos de ouvidos tapados.
É o que alguns comentaristas chamam de "o não ouvir".
Enfraquecemos quando não ouvimos as opiniões divergentes e quando não prestamos atenção aos nossos semelhantes, mesmo quando esses nos são apresentados como inimigos.
Assim surgem as destruições...assim vamos para o exílio.
Ouvir significa equilíbrio
Ouvir em hebraico é lahazin e equilíbrio é izun, ambas as palavras com a mesma raiz.
Agora volto para a parasha:
Logo no seu primeiro capitulo, no versículo XVI, diz Moshe:

"Ouvi a causa entre vossos irmão e julgai com justiça"

Moshe estava afirmando com isso, dizem os comentaristas:
Que um dos alicerces daquela sociedade que estava prestes a se formar, seria o principio de "ouvir a causa de nossos irmãos".
Ou seja, prestar atenção ao próximo seria vital à nossa sobrevivência.
E mais, o verbo ouvir, foi conjugado no presente, essa também foi uma lição:
Quando conjugamos esse verbo no passado...."ahhh eu já ouvi", estamos na verdade tapando os ouvidos.


Sefer Devarim, dizem os comentaristas, tem como essência o amor.
O amor entre D'us e o povo, entre o povo e D'us e principalmente entre os seres humanos.
É essa linguagem que vai nos tirar dos exílios.
Daqui a alguns dias, mais extamento no 15º de av, estaremos comemorando também Tu Be'Av.


Dia também conhecido como o Feriado do Amor e do Afeto.
Essa seria a possibilidade que a tradição judaica nos oferece, de transformar exílios e destruição em alegria.
Mas sem nunca esquecer, daquela construção, que gerou a destruição, e para qual temos que ficar atentos e de ouvidos abertos, já que é possível interrompe-la antes dos exílios.
Shabat Shalom.


PARASHÁ