Comentário de José London
Shabat Shalom!
Lemos essa semana Parashat Tazria e amanhã estaremos lendo Parashiot
Mehubarot Tazria e Metzora (Parashiot mehubarot é quando lemos
duas Parashiot no mesmo Shabat de modo a fazer um acerto na agenda Bíblica)
Tazria e Metzora são respectivamente a 4ª e 5ª Parashiot
do Sefer Vaycra - Livro de Levitico
Estamos ainda às voltas com purezas e impurezas com o que é
tameh (impuro) ou tahor (puro) e com as oferendas que podem converter
esses conceitos.
Metzora , embora seja geralmente traduzido como leproso, fala de uma doença
totalmente diferente da hanseníase que excluiu e isolou durante
muito tempo uma quantidade enorme de pessoas e que ainda hoje gera preconceitos.
Esta doença que aparece na Torah tem pouca semelhança com
qualquer moléstia corporal contraída por vírus, bactérias
ou hereditariamente,
ao contrário, tsaraat é a manifestação física
de uma doença espiritual.
É um estado ainda mais grave do que o que hoje chamamos de somatizar.
A falta de cuidado com que transitamos entre o puro e o impuro, desprezando
a fronteira que existe entre essas duas dimensões, seria parte
das causas dessas chagas.
A maioria dos comentaristas inclui o lashon hara que é a maledicência,
a calúnia ou a popular fofoca, na lista de transgressões
capazes de nos tornar um metzora.
E sempre que o assunto é lashon hara, me lembro da seguinte parábola:
Profundamente arrependida, após ter espalhado um falso boato,
uma pessoa procura o Rabino do seu shteitele.
Depois de lhe contar o que tinha feito, pergunta ao Rebe como reverter
o mal causado às pessoas atingidas pelo seu lashon hara.
O Rebe então pergunta:
Você tem um travesseiro de penas em sua casa?
A pessoa responde que sim.
Então, continua o Rebe faça o seguinte:
Suba ao telhado de sua casa, rasgue o travesseiro e deixe as penas se
espalharem.
Só isso? Pergunta a pessoa.
E o Rebe responde:
Não. Depois desça do telhado e comece a catar as penas.
Quando você conseguir recolher todas as penas, mas todas mesmo,você
terá remediado o mal que causou àquelas pessoas - conclui
o Rebe.
Que a gente não precise passar a vida catando penas pelo caminho,
evitando desse modo a dor de quem contaminou, pelo mau uso das palavras,
não só aos outros, mas também a si próprio,
com uma "lepra", essa sim, na maioria das vezes incurável.
SHABAT SHALOM
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