Parashá SHOFTIM


Comentário de Benice Tyschler

Queríamos agradecer a oportunidade de fazer alguns comentários sobre a Parashá do Rick. Este trecho da Torah é extremamente simples e direto, e ao mesmo tempo de enorme abrangência. O mais surpreendente é a forma concisa e direta com que o Criador diz o que quer e o que espera de seu povo, estabelecendo os fundamentos da Justiça para o povo de Israel. É um documento ético, político e social muito interessante.

Shoftim trata sobretudo de Justiça, um bem inerente e fundamental, a qualquer grupo humano.

O texto tem um aspecto extremamente prático:

Juízes e policiais designarás para ti em cada uma de tuas tribos, em todos os teus portões que o Eterno, teu Deus, te dá, e julgarão o povo com reto juízo" (Devarim 16:18).

Devemos assim, policiar nossas casas mas, acima de tudo colocar juízes e policiais nos portões de nossa mente e de nossa alma. A orientação é bastante clara: devemos nos manter vigilantes com o que absorvemos e falamos, com o que nossos olhos e ouvidos captam, a qualidade de nossos relacionamentos íntimos e assim por diante.

Somos todos responsáveis pelas nossas atitudes, bênçãos e maldições, logo, não devemos culpar outras pessoas por falhas ou dificuldades pessoais, muito menos esperar que elas apontem os nossos erros.

Ter juízes de prontidão é ter conhecimento das orientações da Torá - o que nos conecta e o que nos desconecta do Eterno.

Ter policiais igualmente alertas, por sua vez, corresponde à ação que garante o cumprimento da Lei. Em outras palavras, não adianta reconhecer o certo e o errado se não nos esforçamos para fazer o que deve ser feito e evitar o que deve ser evitado.
Diz um trecho do texto que o Rick acaba de ler: "Não torcerás o juízo, não farás distinção de pessoas e não tomarás suborno" (Devarim 16:19).

A mente é engenhosa; muitas vezes, negativamente criativa. Não são raras às vezes em que ela apresenta boas justificativas para que "burlemos" a Lei - coisas como "só desta vez" , além do - "o que conta é a intenção", entre tantas frases que conhecemos tão bem. Infelizmente, nossos ministros, deputados... aqui no Brasil desconhecem ou não seguem este trecho da Torah.

Pois nesta Parashá nós achamos um dos mais poderosos mandamentos éticos da história humana. É um dos momentos de definição da ética bíblica, e seu desafio moral parece atravessar gerações. A palavra Justiça é repetida duas vezes. Tzedek, tzedek tirdof . Tudo bem que Moisés era gago, mas não há registro que D'Us o fosse para repetir a palavra aleatoriamente. A frase traduzida é assim:

"A justiça, e somente a justiça, seguirás, para que vivas e herdes a terra que o Eterno, teu Deus, te dá" (Devarim 16:20).

Portanto, a leitura que fazemos é a de que a Tora usa a palavra "justiça" duas vezes, para sublinhar que da mesma maneira que queremos justiça para nós mesmos, devemos exigir justiça para nosso vizinho.

Em outras palavras, quando adotamos a Torá como um balizador de nossas vidas, devemos influenciar as outras pessoas pelo nosso exemplo, não pelas nossas críticas.

Um outro versículo que nos chama a atenção é:

"Quando sitiares uma cidade por muito tempo, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele comerás" (Devarim 20:19).

Deste versículo da Torá origina-se uma das Mitzvot menos conhecidas e talvez de maior relevância contemporânea a Mitzvá de Bal Tashchit, que é a proibição de destruir em geral - de preservar e cuidar - e ajudar a criar no mundo o sentido de apreciação pela criação.

Nós temos essa obrigação religiosa - somos parceiros de D'us na criação e co-responsáveis pela proteção da Terra. A Mitzvá de Bal Tashchit, pode nos ajudar a elevar nossa consciência ambiental percebendo que é possível juntar a ecologia com a espiritualidade já que a natureza é sagrada.

Resumindo: que possamos agir sempre como nossos próprios juízes, agindo com ética, respeito e solidariedade, dignificando, assim, as nossas vidas com a benção de D's.

Shemá Israel Adonái Eloêinu Adonái Echád
Escuta Israel, o Eterno é nosso D's o Eterno é um.


PARASHÁ