CONTAGEM DO OMER


 

 

APRESENTAÇÃO

O Calendário Judaico pode ter outra função que não somente um sistema para marcar o tempo. Pode ser um sistema direcionado para o crescimento, para a transformação, para uma aplicação efetiva nas nossas vidas. Dando seqüência a Purim e Pessach, a Contagem do Omer ocupa o terceiro estágio de transformação oferecido pelo Calendário judaico.

Vamos aceitar, a cada ano, esse convite do Calendário judaico e participar do ritual da Contagem do Omer, recriando o Universo constantemente.

O QUE É A CONTAGEM DO OMER?

A Contagem do Omer é o período de 49 dias entre Pessach e Shavuot. Contamos 'cada dia' por sete semanas e na última noite ficamos acordados a noite inteira para recebermos o Sefer Tora. Contam-se os dias e as semanas durante o desenrolar do serviço religioso habitual, como preparação para o dia de Shavuot, que também é conhecido como o dia das primeiras colheitas de frutas. Cada uma das sete semanas representa uma Sefira diferente na Árvore da Vida, começando por Chessed e terminando com Malchut. Cada dia da semana também é representado por sua própria Sefira.

Tradicionalmente, Shavuot é celebrado como o dia em que Moisés recebeu a Tora no Monte Sinai. Devido ao fato da Tora ser considerada como uma doação recebida para nos ajudar a atingir uma conscientização mais elevada e ser considerada pelos cabalistas como um projeto da Criação, os místicos judeus então explicam a contagem dos quarenta e nove dias do Omer como sendo um período no qual nos preparamos para estarmos prontos para receber a luz da Tora.

O hábito da Contagem do Omer é na verdade um costume musar - movimento fundado há 150 anos atrás para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossos princípios éticos e morais - que tem a finalidade de investigar nossos processos internos. Se em cada um dos 49 dias pudermos dispor somente de cinco minutos para uma meditação referente a esse dia, podemos no final da contagem chegar a alterar significativamente as nossas vidas.

ONDE ENCONTRAMOS A REFERÊNCIA DA CONTAGEM DO OMER NA TORAH?

Parashá Emor, Levítico, XXIII:9-22

O QUE É O DIÁRIO DE ANOTAÇÕES?

Seria muito bom se ao mesmo tempo em que fazemos a prática da Contagem do Omer, nós mantivéssemos um 'diário com anotações'. À noite, anotamos as percepções que tivemos durante o dia e comentários sobre a prática da meditação sugerida. Uma frase, uma palavra, um desenho, até uma cor, o que for será significativo para cada um de nós será o suficiente para o exercício que estamos fazendo. Ao final dos 49 dias, teremos concretizado nosso percurso individual através de uma construção cumulativa onde cada dia serve de fundação para o próximo dia.

COMO FAZER A CONTAGEM A CADA DIA UTILIZANDO O MATERIAL SUGERIDO?

O primeiro dia da primeira semana do nosso exercício é chamado chessed de chessed . Se nós considerarmos que chessed é generosidade, então este dia representa o cerne da generosidade. Poderíamos explorar a fonte da generosidade. Qual é a parte do meu ser que dá? Como me sinto quando dou? Como me sinto quando não dou? Onde é que meu doador interno se conecta ao meu 'eu' superior? Passamos cinco,dez ou quinze minutos contemplando estas perguntas. Durante o decorrer do dia também paramos, algumas vezes, por poucos minutos, para refletir sobre elas.

O segundo dia é g'vura de chessed. Representa a restrição dentro da nossa generosidade. Onde que meu doador interno está limitado? Qual é a parte que diz não? Que parte é na verdade o auto-protetor e não a parte egoísta?

O terceiro dia é tiferet de chessed: a compaixão dentro da generosidade. Que parte de mim se acha conectada ao meu centro quando estou dando? Será que tenho compaixão por mim quando estou dando e quando não estou dando? Será que meu ato de dar está equilibrado demais ou muito pouco? Qual é a melhor forma para determinar uma perspectiva de generosidade equilibrada?

O quarto dia é netzach de chessed: o dominar dentro da generosidade. Fico com pena quando dou minhas coisas? Dou condicionalmente ou com restrições? Fico lembrando de minha generosidade por longos períodos? Gosto de ser uma pessoa generosa? Será que desejo profundamente ser identificado(a) como um(a) grande doador(a)?

Este processo continua pelos quarenta e nove dias à medida que percorremos as permutações das características e procedemos a cada dia com a nossa investigação interna.

Com essa prática percebemos que aprendemos muito sobre nós se ficamos algum tempo em introspecção. Nos tornamos nossos próprios analistas e mestres e podemos colocar em prática qualquer nova descoberta a nosso respeito.

Utilizando um breve ato de conscientização, você evita que os dias se confundam uns com os outros. A Contagem do Omer dá uma noção de um modelo ascendente e cumulativo, onde um dia serve de alicerce para o próximo.

COMO ENTENDER O QUE SÃO SEFIROT?

A Árvore da Vida é o símbolo mais conhecido na Cabala e tem 10 elementos, baseados em Gênesis , na Tora, onde encontramos 10 expressões que utilizam as palavras va-omer Elohim, "E Elohim disse....". Essas 10 expressões são consideradas emanações divinas por meio das quais o mundo foi criado. Cada emanação é um arquétipo que ao se combinar com as outras emanações fornece os elementos místicos necessários para se formar tudo que existe na criação, seja no físico, emocional, intelectual ou espiritual.

A Árvore da Vida é usualmente representada pelo desenho de dez círculos, as Sefirot, esquematicamente dispostos em 3 linhas verticais.

As emanações são referidas como Sefirot ( números), porque qualquer número na criação é uma combinação de dez números básicos de zero a nove.

Virtualmente, podemos associar tudo na criação com a Árvore da Vida. Alguns comentaristas freqüentemente discordam nas definições ou características das várias sefirot. Entretanto os cabalistas tendem a fazer associações das Sefirot com os patriarcas e matriarcas bíblicos, arcanjos, partes do corpo humano, nomes de D'us, direções, planetas, vogais, cores e outras qualidades.

Os nomes em Hebraico das dez Sefirot seguem relacionados abaixo, com algumas representações para cada Sefira.

Na prática da Contagem do Omer, trabalhamos com as sete Sefirot inferiores.

- Keter - Coroa, Soberania, Vontade
- Choh'ma - Sabedoria
- Bina - Compreensão, Discernimento
- Chessed - Generosidade, Amor, Expansão
- G'vura - Restrição, Julgamento, Força, Contração
- Tiferet - Beleza, Equilíbrio, Compaixão
- Netzach - Triunfo, Domínio, Resistência
- Hod - Glória, Receber, Refinamento
- Yessod - Fundação, Harmonia
- Malchut - Reino, Realidade, Concretude

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Texto de Regina Messer, baseado nos seguintes livros de referência:
- 'God is a Verb', Rabino David A. Cooper
- 'Exercícios D'Alma, Rabino Nilton Bonder
- 'Soul Prints', Rabino Marc Gafni

Colaboradores:
Cecile Mayer, na tradução e Doris Kosminsky na execução do Diário de Anotações


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