O ATO DE DAVENEN = DAVENOLOGIA Reb
Zalman Schacter-Shalomi |
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Psicólogos tem investigado nossos impulsos e motivações. Alguns deles, olhando para nossas aspirações espirituais, conseguiram desvenda-las para nós. Depois, elas foram por eles empacotadas formando uma teoria simplista apresentada com elegância, como por exemplo: 'Os sentimentos oceânicos são apenas uma lembrança de nossa vida no útero materno, somente uma projeção da nossa carência pelo amor da imagem de u'a mãe ou pai cósmico.' Mas, em oposição a estas teorias simplistas, lá no fundo de nossas almas, nós sentimos o despertar de um mecanismo de rejeição. Não podíamos, de forma alguma, aceitar estas avaliações depreciativas. Porque, vendo de relance, outras realidades, o que experimentamos quando estamos em estados alterados de consciência, como aqueles que tiveram experiências fora do corpo ou de quase-morte, todos nós que alguma vez nos sentimos em êxtase, tendo estado presentes num momento de nascimento ou morte, momentos quando nos sentimos profundamente integrados com o Universo, quando nos comovemos no ato de davenen, quando sentimos a Presença Divina num lugar ou momento sagrado. Tendo tido qualquer uma destas experiências - nós então sabemos que não é tão simples assim. No universo do dia a dia, onde fazemos compras e verificamos o saldo do talão de cheques, ou mesmo quando brigamos pelo nosso ponto de vista ou tentamos impingi-lo em teorias e ideologias, é difícil encontrar as palavras certas e ter coragem de pronuncia-las. Poder dizer com o que nos confrontamos, sabendo claramente que tocamos no Sagrado com temor e reverência. Todas as teorias que são baseadas em etiologia (estudo das causas e efeitos) deixam de levar em consideração a busca espiritual. A razão disto não está tanto nas causas que motivaram o passado quanto nos fatores que atraem o espírito e que vêm de um futuro que deve ser concretizado em nós. No final de contas nós somos seres teotrópicos (que buscam Deus). Nós somos destinados a crescer na direção de Deus. Nossa mais profunda intuição é a que estamos destinados a despertar um conhecimento que transcende a rotina. Todas as teorias que explicam, que tudo o que estamos sempre fazendo é simplesmente para nos satisfazer e engrandecer, são inadequadas. Pode ser suficiente para muita gente, mas, de vez em quando, encontramos um Mensch. Este encontro nos deixa marcados. Isto faz com que também queremos nos tornar um Mensch. A fim de tentar seguir este modelo possível humano e nos sentir maravilhados - . O que é que faz de uma pessoa um Mensch? Certamente não é só porque esta pessoa foi considerada bem ajustada na sociedade. Victor Frankel, o logoterapeuta que escreveu 'O médico e a alma' chegou a rejeitar as convenções psicológicas comuns e formular sua compreensão sobre o Mensch em Auschwitz. Será que alguém bem adaptado a Auschwitz poderia ser considerado um ser humano? No estado atual que o mundo está, não podemos considerar virtude o fato de ser bem adaptado a ele. Isto é também a razão porque nós precisamos de algo que nos faça ir além do que somos capazes. Sem ter um ideal pelo qual possamos lutar,
uma visão para servir, um objetivo que uma pessoa que pode ser
nosso prolongamento; um ideal que seja mais valioso e precioso que a própria
vida, então todos os inimigos do espírito - tédio,
apatia, cansaço, depressão, desgosto, frustração
e raiva - podem corroer a alma. Algumas pálidas luzes estão começando a brilhar nos trabalhos de Jean Houston, Mihaly Czucksentmihaly, James Hillman, e muitos outros, que estão na zona limítrofe comum entre a psicologia e a espiritualidade e que continuam a estudar as ciências noéticas (= teoria do conhecimento, exclusivamente intelectual e abstrato). Entretanto, nas tradições Sagradas do Leste e do Oeste, e também nas nossas que foram reveladas bem na ponta mais ocidental da Ásia, podemos buscar alguma ajuda e é aí que vamos procurar o que a Espiritualidade Judaica tem a nos oferecer. Assim que comecei a despertar para espiritualidade, com meus mestres do Chabad na Bélgica, foi me mostrado que em hebraico a alma pode ter cinco nomes diferentes. Cada língua tem termos especializados. Se você vive perto do Círculo Ártico, você precisa de várias palavras para definir 'neve' porque sua vida depende em saber qual é um determinado tipo de neve. Se você vive a vida interior, você vai precisar de mais de uma palavra para definir alma. Então aprendi sobre Nefesh, Ruach, Neshamah, Hayah e Yeridah. Cada uma conectada ao seu próprio reino e percepção. Como foi maravilhoso ser capaz de identificar as experiências sublimes e os reinos com os quais me conectava com estes nomes dados à alma. A linguagem da Cabala me abriu portais a mundos que de outra forma seriam sutis demais para falar sobre eles, tornando possível rotular as experiências, lembra-las, entrar em sintonia com elas e assim poder me reconectar com elas. E a conexão diária mais forte vinha para mim com o davenen (rezar judaico), com o sidur(livro de preces judaico). Alguns dos meus melhores anos de davenen aconteceram quando eu estava na Yeshiva, entre 1941 e 1945; quando tive mais outras experiências profundas quando rezava com outros judeus e não-judeus. Mas o fundamento de tudo foi o que aprendi naqueles anos e que, no decurso do tempo, vim a denominar com o termo Davenologia. Fazendo uma introspecção sobre o que tinha acontecido durante meu davenen, o que fiz para me preparar, o que fiz com meu corpo, minha devoção, minha mente, minha alma, com quantos níveis significativos estava em contato e acima de tudo como é que eu me colocava na Presença do Único. O quanto eu o amei (Sim, naquela época era Ele), o quanto desejei servir e agradar, como eu sentia o êxtase de estar em contato com Ele além do tempo e do espaço, além de toda forma e Nome, além de todos os conceitos e rótulos. De que forma O via em todos os prazeres que eu sentia e em todas as dores quando era magoado. - Não se esqueça que estes foram os anos do holocausto e nós sabíamos muito do que estava acontecendo na Europa, mais do que gostaríamos de admitir. O quanto eu queria tornar-me livre de todo o pecado e egoísmo, expiar meus erros, lamentar minhas pequenas e grandes rebeliões, como poder ficar reconciliado e perdoado, como celebrar a alegria da libertação e o privilégio de ter recebido a Torah... Olhei para tudo isto e me questionava e fazia inúmeras perguntas aos meus professores, que maravilhosa chutzpah (audácia judaica) eu tinha então, tudo porque eu precisava desesperadamente saber e achava que eu tinha o direito de saber. Quando chegou o momento de ensinar a outras pessoas eu tinha um senso empírico da ordem, do caminho, dos meios, das ferramentas e com a benção e a Iniciação que recebi para criar novas formas, ferramentas e meios para aqueles que não cresceram num ambiente observante ou ortodoxo. Graças a D'us, muito destas coisas deram certo e vocês, seguidores do Movimento Jewish Renewal, são agora os continuadores deste processo.
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